segunda-feira, 12 de julho de 2010

Apodi decreta situção de emergência



O município de Apodi já decretou estado de emergência pelo fato do inverno não ter sido suficiente para o milho, feijão e arroz vingarem. Em situação pior, está os municípios vizinhos, como Itaú, Rodolfo Fernandes, Severiano Melo, Taboleiro Grande, Felipe Guerra e Caraúbas. “Aqui pelo menos temos 700 hectares que produzem na região de baixio”, diz o secretário de Agricultura de Apodi, Eron Costa.
O município de Apodi tem 37 mil habitantes, sendo que 54%, conforme registro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), residem e trabalham na agricultura de subsistência na zona rural. Segundo o secretário Eron Costa, são aproximadamente cinco mil agricultores na zona rural que perderam a safra neste ano. Deste total, o Seguro Safra, do Governo Federal, só vai atender aproximadamente 300 pequenos produtores.
O quadro que se desenha é complicado para quem trabalha na zona rural e também na cidade. Na região de chapada, por exemplo, já está faltando milho e feijão. O milho, a Companhia Nacional de Abastecimento atendeu ao pedido do governo municipal e revendeu 100 sacas a R$ 24,00 a unidade de 70kg, sendo cerca de 30% mais barato do que no mercado. Como também está faltando feijão, a CONAB fez uma doação de 11 toneladas.
Sem a produção da zona rural, o preço do produto no mercado local disparou. Se tivesse à venda, o valor atual seria de aproximadamente R$ 150,00. A expectativa é de que nos próximos dois meses o preço da saca de feijão de 70kg chegue a R$ 280,00. “Das 5 mil famílias da zona rural, a nossa preocupação é com aproximadamente 4 mil. É que de cerca de mil famílias, aqui temos a sorte da produção na várzea no período de verão”, explica Eron Costa.
O quadro é mais complicado na zona rural dos municípios de Severiano Melo e Rodolfo Fernandes. Nestas duas cidades, não existe produção de verão e a safra de inverno foi toda perdida. Além do mais, também não tem água para o abastecimento humano e animal. São atendidas pelo Programa do Carro Pipa do Ministério da Integração Nacional, através do Exército. Este programa também atende a zona rural de Apodi com 450 pipas/mês.
As dificuldades já não são maiores na região de chapada, porque o inverno em 2008 e 2009 foi forte, deixando todos os pequenos reservatórios cheios, até mesmo aqueles com pequenas cabeceiras. “Esta água está sendo a salvação dos rebanhos bovinos e principalmente de caprinos”, diz Eron Costa, alertando que os reservatórios são pequenos e não suportam mais do que cinco meses de estiagem. Já estariam chegando ao limite.
A prefeita Goreti Pinto, do PMDB, diante do quadro, foi orientada pela Defesa Civil decretar Situação de Emergência na zona rural do município de Apodi, o que deve acontecer também nos demais municípios que ainda não providenciaram o mecanismo legal para receber ajuda dos governos do Estado e Federal. O decreto 024 de 05 de julho de 2010, decretado pelo municipio permite, por exemplo, que o município seja beneficiado com o programa do carro-pipa, do Ministério da Integração Nacional e doaçoes de cestas basicas para as familias.
Apodi tem produção de verão no Vale
No município de Apodi, no entanto, não é só de desespero e preocupação. Na área de várzea, na verdade, vive um bom momento. Cerca de mil famílias preparam para plantar feijão e arroz uma área de 800 hectares. É a safra de verão, já conhecida na região de Apodi pela fartura no período pós-inverno. “Plantam arroz não pelo cereal, que está com o preço baixo no mercado, mas pela palha para alimentação dos animais”, destaca o secretário Eron Costa.
A preparação das áreas de baixios já começou. Algumas áreas, devido ainda estarem alagadas, são preparadas com animais tracionando capinadeiras. Em outras, o corte de terra feito com tratores cedidos pela Prefeitura. O município disponibiliza duas unidades. Nesta semana, a meta da Secretaria de Agricultura é preparar 108 hectares. Outros trezentos hectares serão preparados e plantados de arroz e feijão nas próximas três semanas.
O município de Apodi tem a segunda maior reserva hídrica do Rio Grande do Norte, que é a Barragem de Santa Cruz, capaz de armazenar até 600 milhões de metros cúbicos de água. Perde apenas para o Vale do Açu, que tem a Armando Ribeiro Gonçalves, que armazena 2,4 bilhões de metros cúbicos. Ao contrário da Armando Ribeiro, a Santa Cruz não irriga e nem abastece as cidades da região. Projetos neste sentido estão sendo implantados.
A intenção do governo federal, através do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), é irrigar uma área de 9 mil hectares na região da Chapada do Apodi, num investimento estimado inicialmente de 200 milhões. Já as cidades serão abastecidas por dois sistemas de adutoras, um para levar água para Mossoró e outro para o Alto Oeste. Os dois estão orçados em R$ 246 milhões. O sistema adutor do Alto Oeste está quase pronto.
ascom - Apodi

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