domingo, 3 de abril de 2011

Falta de chuvas preocupam agricultores



O serviço de meteorologia da Emparn alerta que a safra de grãos, no Rio Grande do Norte, estará comprometida se não chover neste sábado e domingo.

A previsão é para ocorrência de chuvas em quase todas as regiões do Estado, mas segundo o meteorologista Gilmar Bristot, nem mesmo entre os especialistas há consenso quanto às razões para o prolongamento desse veranico. “Se não chover nas próximas 48 horas é certo que nossa safra estará comprometida.

As chuvas irregulares e esse veranico ocorrem quando todo mundo já plantou. Se a água não chegar haverá interrupção do ciclo”, afirma.

Chefe da meteorologia da Emparn, Bristot sustenta que os dados disponíveis continuam apontando para um inverno de normal a acima da média. “Mas as chuvas estão caindo no oceano [Oecano Atlântico].

Há uma espécie de ‘barreira’ que impede as chuvas no continente. Até agora, isso pode ter relação com o vento”.

A situação, segundo Bristot, não ocorre apenas no Rio Grande do Norte.

O veranico tem afetado toda a região do semiárido do Nordeste, apesar dos indicadores usados como parâmetros para previsão do tempo apontarem possibilidade de chuva nos últimos dias. “Esse veranico deveria ter terminado na quinta-feira da semana passada, quando houve aquelas chuvas. Mas é fato que continua”, diz o meteorologista.

Na segunda quinzena deste mês ocorre mais uma reunião de avaliação dos meteorologistas, em Alagoas, quando devem ser analisadas as possíveis causas. A expectativa é que para este fim de semana os ventos diminuam e, com isso, a zona de convergência atue sobre o continente.

Apesar do prognóstico limitar a este fim de semana, como será a safra no Rio Grande do Norte este ano, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mantém o otimismo.

Em levantamento sobre a safra de grãos divulgado na Tribuna do Norte, do dia 11 de março, a expectativa apontava um crescimento de 94% na produção do Estado, em comparação com o registrado em 2009/2010. Chegando a 55,9 mil toneladas de milho, feijão e arroz.

Algodão e sorgo. “O posicionamento continua o mesmo, de boa safra, mas a projeção ainda está indefinida.

Só poderemos afirmar quando encerrarmos o levantamento em campo, junto aos produtores rurais, nos meses de abril e maio”, afirma o analista de mercado de produtos agrícolas da Conab Luiz Gonzaga Araújo e Costa.

A projeção inicial foi feita com base nas previsões meteorológicas de chuvas acima da média. Fetarn garante que safra já está comprometida A Federação de Trabalhadores de Agricultura do Rio Grande do Norte (Fetarn) já afirma.

“A safra já está comprometida devido o atraso no plantio”, garante o engenheiro agrônomo e assessor da Fetarn Obdon Fernandes Neto. Apesar do anúncio de inverno acima da média e das fortes chuvas que caíram em janeiro, o agricultor em muitas regiões ainda aguarda o corte de terra. O atraso se deve a irregularidades das chuvas e também a falta de incentivo de algumas prefeituras, quanto o corte de terra.

“O plantio para mercado está atrasado. Mas é cedo para dar estimativas”, disse Obdon Fernandes.

Isto porque as chuvas dos meses de abril a junho são as que definem a produção. Contudo, o agricultor familiar (cultivo para consumo) que aproveitou as primeiras chuvas de janeiro, já está colhendo.

“Mas é agricultura de subsistência, a de mercado pode sofrer alguma perda, mas nada comparado ao ano passado”, pondera o engenheiro.

O inverno em condições normais inicia pelo Alto Oeste e no Médio Oeste, e na região do Agreste potiguar somente a partir de abril e maio. Em alguns pontos da região do Trairi, como Tangará e Jucurutu, os índices pluviométricos chegaram a medir chuvas de até 200 milímetros em apenas quatro horas, provocando a sangria de reservatórios locais.

Na região do Mato Grande os campos ainda aguardam a semente, apesar de terrenos estarem preparados. Emater continua apostando em inverno regular Caso não chova de fato a partir deste mês, o cenário agropecuário passará a preocupante.

“Não aguardamos mais a boa perspectiva de safra robusta, como no início do ano, mas de uma safra regular. Se conseguirmos colher até 60% do que for cultivado não estaremos em prejuízo”, disse Emmanoel Costa.

A situação atual gera uma sensação de fragilidade para o produtor, explica o diretor técnico da Emater Emmanoel Mateus Alves da Costa. “Apesar do aporte do Estado, algumas prefeituras também adiaram ações sistêmicas em virtude das anormalidades deste inverno”.

Segundo o diretor técnico da Emater, todos os municípios possui estrutura básica para atender a demanda local, quanto ao corte de terra. Este ano, foram entregues 80 tratores.

Os municípios são beneficiados ainda com uma parceria entre o estado e a Petrobras, que garante subsídios o óleo.

O Programa Banco de Sementes do Governo do Estado distribuiu 120 toneladas de sementes de feijão, 120 de milho e 98 toneladas de grãos de sorgo. Este ano, o programa implanta uma área para plantio de girassol.

O programa atende mais de 30 mil produtores rurais e o Semear atenderá cerca de 5 mil famílias de comunidades e assentamentos rurais. Os técnicos da Emater também prestam assistência em praticamente todos os municípios do Estado. Muitas famílias de pequenos agricultores já plantaram as sementes e agora esperam as chuvas.

FONTE tribuna do norte.

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